Sempre que isso acontece eu pego meus cigarros e sento na minha varanda pra observar, ver o amarelo ir devorando os espaços antes ocupados pelo negro das nuvens. O chão continua encharcado e ainda vai levar um bom tempo pra secar, deixando aquele cheiro de terra molhada suspenso no ar. Tudo é carregado de uma poesia meio exagerada, o ambiente perfeito para pensar. Eu fico lá, sentado na pedra molhada remoendo as misérias e glórias que estiverem na minha cabeça.
Fico lembrando dos meus últimos meses, de como as coisas viraram depois daquele Reveillon, eu já não sabia nem o que sentir, muito menos o que fazer. Ela foi desaparecendo da minha vida, não aos poucos, mas abruptamente, como frases a lápis sendo apagadas por uma borracha. Era estranho, meu olhos gostavam de te ver, mas sempre te buscavam quanto tu não estava lá. Mas já não importa, eu já não conjugo verbos no passado. O tempo passa, ele sempre passa.
E passou, abrindo as minhas nuvens e me mostrando um Sol absurdamente lindo, que ilumina um caminho estreito, ladeado pro flores de todos os tipos, pelo qual eu sigo, meio desconfiado, meio inseguro, mas feliz.