Cabeça dela no ombro dele. Cabeça dele nas nuvens. Os dois, com os corpos alvos, muito brancos, se misturando com as dunas claras, os dois unidos. Se imaginando num desses oásis tropicais, de tempo quente e vento revolto, eles enfiam os pés na areia fina, enfiam os pés até os calcanhares. Vistos pelas costas, são duas silhuetas escuras, como uma cena filmada em contraluz, dois vultos que se confundem em um só, recortados contra a paisagem do horizonte de mar azul escuro e o sol amarelo bem redondo, que, aos poucos, cai. O clima é de completo silêncio, a morte definitiva de qualquer som ou inquietação, mas isso não os incomoda de forma alguma. Como peças irmãs que vagam eterna e tristemente por um deserto de árida incompreensão, como duas dessas peças que acabam de encaixar uma com a outra, eles se entendem sem sons, as palavras seriam uma tosca formalidade. A mão delicada dela perdida no ar, buscando a mão forte dele, que não tarda a chegar. Eles se completam. Cada espaço vazio existente em um, preenchido pelos excessos do outro. Tudo aquilo tão aguardado, os momentos esperados, finalmente se fazendo verdade, expectativas cumpridas e superadas.
E então, a paz. Não algo invasor, não algo visível, apenas e simplesmente a calma de quem sabe estar no lugar que deveria.
23 de agosto de 2010
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